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Quando
decidiu participar do programa eleitoral do candidato
José Serra na TV, Regina Duarte, a “namoradinha
do Brasil”, não imaginava a polêmica
que surgiria em torno de seu pronunciamento. E não
esperava, também, que seu discurso seria melhor
aproveitado pelo PT do que pelo PSDB. Na estréia
do programa eleitoral tucano do segundo turno das eleições
presidenciais, a atriz afirmou que sente que o Brasil
corre o risco de perder, com a vitória de Lula,
toda a estabilidade tão duramente conquistada.
Não imaginava ainda, o desgaste que aquilo traria
para sua imagem e que teria de ser escoltada para poder
votar no segundo turno.
Naquela semana (de 14 a 18 de outubro), o fato tomou
conta do país, que se dividiu entre o apoio e
a revolta contra a atriz. Além do discurso não
surtir o efeito desejado, foi mais benéfico para
os petistas. Após o resultado das eleições,
o assunto foi explorado nos pronunciamentos do presidente
eleito, que não se cansou de repetir que o povo
votou “sem medo de ser feliz”, lembrando
o velho bordão do jingle de sua campanha
para a presidência em 1989. O publicitário
Duda Mendonça, responsável pelo marketing
da campanha da Lula, aproveitou o caso para usar a frase
“e a esperança venceu o medo” –
também repetida por Lula em seus pronunciamentos
depois de eleito e nas camisetas de comemoração
da vitória.
A declaração da atriz foi taxada de terrorista
por parte dos eleitores de Lula. A primeira manifestação
de repúdio à inserção foi
de João Felício, presidente da Central
Única dos Trabalhadores (CUT), que enviou carta
a Regina Duarte, na qual dizia que a atriz “prestou-se
ao papel de terrorista e/ou patrulheira do voto dos
que querem mudança”. A partir daí,
vieram à tona diversas discussões, desde
o direito à liberdade de expressão até
a questão ética desse tipo de discurso
naquela circunstância. Intelectuais, como o cineasta
Jorge Furtado, o dramaturgo Jair Alves e o compositor
Aldir Blanc, criticaram a atitude da atriz sob óticas
diferentes, mas com o mesmo objetivo de mostrar a falta
de fundamentos do discurso. Furtado, em uma análise
semiótica da questão, apontou que Regina
Duarte tem vários medos, menos o de dizer frases
sem sentido. E artistas, como Carlos Vereza, Raul Cortez
e Lima Duarte, se posicionaram em defesa da colega.
A cantora Nana Caymmi, eleitora de Serra, defendeu Regina
Duarte com o argumento de que “ela expressou o
sentimento de uma parcela da sociedade e o que o mercado
está dizendo”.
Dois dias depois da primeira veiculação
do depoimento de Regina Duarte, a atriz Paloma Duarte
participou do programa eleitoral de Lula. Em sua inserção,
Paloma diz ter procurado a produção do
programa petista porque se sentiu “desrespeitada,
violentada como cidadã brasileira e como eleitora
e queria registrar seu protesto”. No final de
sua aparição, Paloma acentuou que um candidato
que precisa aterrorizar a população brasileira
para tentar se eleger não merece meu respeito,
confiança e não mereceria jamais ser presidente
da República. Mais dois dias se passaram e a
campanha tucana não deixou a síndrome
do medo terminar. Desta vez a veterana atriz Beatriz
Segal se expôs na defesa de Regina Duarte, e do
programa de Serra. Tentou impressionar com a frase de
que “tenho medo de dizer que estou com medo”.
Sua atuação não repercutiu.
Os
efeitos do depoimento assustaram Regina Duarte, que
foi descansar em uma fazenda no interior paulista. O
recolhimento foi “para amadurecer antes de falar
sobre o assunto”. Ao voltar de viagem, concedeu
uma entrevista à Agência Estado e confessou
que estava com mais medo do que quando gravou o depoimento,
que tinha medo de perder coisas já conquistadas.
Ao ser questionada se foi paga e se o texto era de sua
autoria, respondeu que não era verdade, que sua
adesão à campanha era ideológica.
Já no jornal O Globo, Regina Duarte
se contradisse. Esclareceu que seu medo não era
de Lula, mas do retorno da hiperinflação
caso Lula ganhasse as eleições. Na mesma
entrevista, acrescentou que “disse que tinha medo
de Lula. Mas meu medo aumentou com a reação
de intolerância e ‘patrulha’ política
de gente do PT”. No segundo turno, a atriz votou
no Instituto de Ensino Pedro Ivo, em São Paulo,
escoltada por cerca de 23 pessoas do PSDB. A escolta
foi oferecida por integrantes do partido e aceita de
imediato, pois ela achava que a presença deles
daria um toque “festivo”. Festividade de
funeral para uma campanha desastrada e desastrosa. O
veneno matou o feiticeiro. |
Por causa da polêmica
declaração feita para o horário
político do PSDB, Regina Duarte quase perdeu
um cachê de R$ 250 mil. A atriz havia gravado
duas peças para a campanha publicitária
da empresa de telefonia Telemar. Depois da veiculação
de seu depoimento na campanha do candidato José
Serra, a empresa informou a atriz que não pagaria
o cachê, mas depois desistiu da atitude. Para
a Telemar, o contrato assinado vetava a participação
da atriz em qualquer campanha política.
O caso Regina Duarte criou outra polêmica. As
opiniões em relação à
postura da empresa também se dividiram. A atitude
de Regina Duarte de atacar acusando de preconceito
e patrulhamento foi mantida inclusive em relação
à empresa. Para ela, o preconceito foi causado
por sua participação na campanha política.
Ameaçada de não receber o cachê,
a atriz enviou carta à empresa contestando
a decisão.
Em 31 de outubro a Telemar desistiu de cancelar o
pagamento, mas manteve a decisão de não
veicular as peças publicitárias por
tempo indeterminado. O jornal Folha de São
Paulo infromou que os anúncios foram gravados
em 10 de outubro, e a campanha estrearia no dia 29
em dois estados do Nordeste.
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