Número 3 - Ano I - Edição fechada em 13 de Dezembro de 2002 Florianópolis-SC
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Senador Ramez TebetA Medida Provisória (MP) 70, que regulamenta a participação de capital estrangeiro nas empresas de jornalismo e radiodifusão, foi aprovada no senado no dia quatro de dezembro e agora só depende da sanção do presidente da República para ser transformada em lei. Os senadores não fizeram nenhuma modificação no texto, apenas acataram as mudanças propostas na Câmara dos Deputados em 27 de novembro.

A alteração mais polêmica foi a retirada do artigo 9, que permitia a um acionista ser proprietário de infinitas concessões de rádio e TV numa mesma localidade, o que interessava principalmente ao grupo RBS, que tem muitas concessões em poucos estados e precisa resolver sua estrutura acionária no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Com a supressão do artigo, voltam a valer as limitações estabelecidas pelo decreto 236/67, que no caso de emissoras de televisão, por exemplo, limita a duas concessões por proprietário em cada estado.

Outra mudança feita na câmara foi a diminuição de 20 para 15% do limite de participação de investidores institucionais ou financeiros em emissoras de rádio e TV, desde que não tenham vínculo de controle em mais de uma concessão. O deputado Walter Pinheiro (PT-BA), um dos principais críticos à MP 70, diz que essa alteração é importante para evitar o monopólio: “Se fosse aprovada como estava, a medida permitiria a propriedade cruzada”.

O projeto também cria expectativa sobre a instalação de uma agência reguladora para o setor de radiodifusão. O segundo artigo da MP, modificado na câmara, estabelece que “o órgão do Poder Executivo expressamente definido pelo Presidente da República poderá requisitar das empresas de mídia e dos órgãos de registro comercial ou civil informações e documentos para verificar o cumprimento do limite de 30% do capital estrangeiro”.

Desde que foi editada pelo governo federal em fim de outubro, cinco dias antes do primeiro turno das eleições, a MP 70 gerou muita polêmica. Os partidos de oposição esperavam que a regulamentação da entrada do capital estrangeiro fosse feita por meio de projeto de lei ao invés de medida provisória. O Conselho de Comunicação Social do Congresso, que depois de uma década de promessa constitucional foi implantado esse ano, não foi consultado sobre a regulamentação da emenda.

No dia seguinte à aprovação na câmara, a MP 70 foi prorrogada por mais 60 dias pelo senador Ramez Tebet (PMDB), presidente da Mesa do Congresso Nacional, valendo até abril de 2003. Mas se for sancionada pelo presidente da República será transformada em lei. A prorrogação é uma garantia para o caso da sanção não ser feita ainda nesse governo.

O deputado Walter Pinheiro acredita que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva deve revisar a regulamentação do capital estrangeiro nas empresas de comunicação por ter mudanças a propor para o setor. Segundo Pinheiro, o novo governo pode solicitar uma auditoria nas concessões de rádio e TV e elaborar um projeto de Lei Geral de Comunicação de Massa. O Ministério das Comunicações deverá abranger TV a cabo, cinema e outras tecnologias. O novo governo pode ainda unificar as áreas de radiodifusão e telecomunicações separadas durante o processo de privatização do Sistema Telebrás.

Dilson Branco

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