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4, 3, 2 , 1... Volto ao Zero treze anos
depois de ter concluído o Curso de Jornalismo na
Universidade Federal de Santa Catarina, desta vez para
dar uma notícia sobre mim mesma. Algo curioso:
após mais de uma década expondo a verdade
dos fatos, passei a inventar mentiras, em nome da literatura.
Agora sou escritora de ficção e meu primeiro
trabalho foi lançado dia 12 de dezembro, no Café
Matisse, em Florianópolis.
Com o título Quinze Ilhas em um ano, o
livro consiste no diário de uma ex-universitária
cuja vida mistura sex, drugs and rock’n’roll
com amor, religião e ritmos latinos. “A personagem
Maria se mostrou uma perfeita representante tupiniquim
quando mostrou, com seu requebrado que ameniza as distâncias
entre a salsa e o samba, a alegria desta gente que vive
nos trópicos”, como diz Rubens Chaves Vargas
– mais conhecido como Rubinho – na orelha
da obra. A capa foi ilustrada por outro ex-aluno do curso,
o chargista Zé Dassilva. Por fim, a revisão
ficou por conta de Fábio Brügemann, dono da
Editora Letras Contemporâneas, que também
freqüentou a UFSC.
Para o lançamento, vim da Holanda, onde moro há
apenas oito meses. Este período de estudos intensivos
me permitiu assimilar o vocabulário básico
do idioma local e redigir a primeira matéria naquela
língua enrolada, sob supervisão de um professor.
Graças a ele, emplaquei na revista Duikteam Hydra,
especializada em mergulho.
Este esporte já tinha sido objeto de outras reportagens
que fiz na Espanha. Por exemplo, entrevistei o primeiro
atleta a bater um recorde mundial ao submergir a 150 metros
de profundidade, no peito. Umberto Pellizzari anunciou
novas metas e seus depoimentos foram destaque na revista
Inmersión, uma publicação que me
manteve como correspondente a partir daquele furo. Também
escrevi artigos em castelhano para o jornal La Voz e,
em inglês, para o Island Connections. Ambos eram
impressos em Tenerife, na costa da África.
Lá, morei três anos para fazer doutorado
em Jornalismo Científico, bancada pela Agência
Espanhola de Cooperação Internacional. Antes
de conseguir a bolsa, tive negados meus pedidos de ajuda
a Capes, ao CNPq, à Fundação Fullbright
e ao Rotary Club. Conto isso para salientar o quanto foi
difícil obter financiamento. O mesmo desafio enfrentei
anteriormente, tentando descolar dinheiro para realizar
mestrado na mesma área das Ciências Humanas.
No caso, quem pagou minha matrícula na Universidade
do Arizona foi a Organização dos Estados
Americanos.
Retribuí cada centavo investido pela entidade na
minha educação trabalhando em quatro jornais
comunitários de San Diego, desde o popular bairro
de Ocean Beach até a aristocrática La Jolla.
Durante os quase dois anos nos quais me dividi entre tantos
semanários, publiquei 261 reportagens e centenas
de fotos.
Antes, no Brasil, dirigi a Agência de Comunicação.
Doze horas por dia, às vezes. Editava o Jornal
Universitário, era a relações-públicas
da UFSC, chefiava dezenas de funcionários... Isso
tudo com apenas 25 aninhos. Naquela idade, conquistei
um dos melhores cargos para um profissional de mídia
numa instituição acadêmica. Talvez
por causa da experiência adquirida antes fazendo
assessoria de imprensa no Centro Tecnológico e
divulgando as inovações produzidas nos seus
laboratórios.
Aquele foi meu primeiro emprego na Universidade, mas não
o último. Depois dele e da coordenação
da Agecom, fiz cinco vídeos junto com a equipe
do Projeto Larus, fora incontáveis textos a pedido
da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação.
Alguns deles me renderam matérias assinadas na
Folha de São Paulo e na revista Superinteressante.
Para chegar lá, comecei minha carreira no jornal
O Estado em 1986, quando ele era o diário de maior
circulação em Santa Catarina. Seus editores
me contrataram dois meses após eu ter passado no
Vestibular, por terem lido que passei em terceiro lugar
no cômputo geral. Assim, pude pôr em prática
as teorias de Comunicação Social aprendidas
na UFSC, desde o início do curso. Lembro bem de
todos os professores, funcionários e amigos do
jornalismo. Realmente, a primeira turma a gente nunca
esquece.
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