22 de Março de 2025 Número 1 - Ano I - Edição fechada em 29 de Julho de 2002 Florianópolis-SC
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Com a nova legislação que permite a posse de empresas de mídia por pessoas jurídicas, as Organizações Globo concentraram, no dia 20 de junho, todas as empresas e participações do grupo, na recém criada holding, Globo SA. A troca de razão social admite que o grupo negocie ações em bolsas de valores e amplie alternativas para capitalização.

O grupo foi o primeiro a investir na inovação. Se a sociedade anônima já existisse em 2001, teria um faturamento de R$ 6,7 bilhões, 20 mil funcionários e um endividamento de R$ 4 bilhões - 70% em moeda estrangeira.

A holding vai administrar os jornais do grupo, a TV Globo, Editora Globo, o Sistema Globo de Rádio, Sigla, a gráfica Globo-Cochrane, a gravadora Som Livre, além dos segmentos de telecomunicações – Globosat, Globo.com, Net Serviços de Comunicação (ex-Globo Cabo) e o sistema de satélite Net-Sat-Sky.

Roberto Irineu Marinho, presidente do conselho de administração, da agora Globo SA, diz que a idéia é abrir o capital para sócios tanto na holding como nas empresas do grupo. Mas adianta que a venda de ações nas bolsas de valores só virá após fevereiro de 2003, quando poderá fazer oferta pública.

Outra revelação foi feita. A família pretende se desfazer de 27 concessões de televisão, agrupadas em 16 empresas. Em cada emissora, costuma deter participações que variam entre 40% e 50%. Pretende manter o controle apenas das cinco emissoras de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Recife, que integram a holding.

A criação da sociedade anônima traz alterações contábeis. O grupo deve transferir para a Infoglobo a participação no jornal Valor Econômico. A incorporação visa retirar as dívidas dos resultados da empresa. No primeiro trimestre deste ano, a Infoglobo registrou perda de R$ 83 milhões, depois de fechar 2001 com R$ 700 milhões no negativo. Além disso, a Globopar, holding que controla os investimentos da família na mídia eletrônica, não inclui mais nos resultados, as dívidas das operações da NetCom, cujo prejuízo líquido foi de R$ 700 milhões em 2001.

A NetCom entregou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pedido de aumento de capital para R$ 1 bilhão, com participação de R$ 281 milhões do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social - Bnds. Com a reestruturação do grupo e o aumento do capital, a família também abre mão do controle acionário da rede de TVs a cabo, restringindo sua participação entre 35% e 38%. A família Marinho quer manter o controle da nova holding.

Integram o Conselho: os herdeiros Roberto Irineu, presidente, João Roberto como vice e José Roberto Henri, além de Philippe Reichstul, presidente da nova holding, atual presidente da Globopar e ex-presidente da Petrobrás; Marluce Dias da Silva, diretora-geral da divisão Televisão e Entretenimento; Luiz Eduardo Vasconcellos, diretor-geral da divisão Mídia Impressa e Rádio; Jorge Nóbrega diretor de Estratégia Corporativa e Ronnie Moreira, diretor-financeiro.

Valéria Noleto

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