Número 1 - Ano I - Edição fechada em 29 de Julho de 2002 Florianópolis-SC
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Daniel Pearl: vítima do fanatismoO militante islâmico acusado de ser o mentor do seqüestro e assassinato de Daniel Pearl, correspondente do Wall Street Journal, foi condenado à morte e seus três cúmplices, a prisão perpétua, no dia 15 de julho, no Paquistão. “Veremos quem morre primeiro, eu ou as autoridades que prepararam a pena de morte para mim”, respondeu, em tom desafiador, o britânico Ahmed Omar Saeed Sheikh ao juiz Ashraf Ali Ahah, na prisão de Hyderabad. Saeed acrescentou que “Alá, o todo-poderoso” irá se vingar e que a Jihad (guerra santa) continua. Os condenados também vão pagar uma multa coletiva de cerca de US$ 32 mil que será entregue à viúva de Pearl e seu filho recém-nascido. Outros sete suspeitos, incluindo os que cometeram o assassinato, continuam foragidos.

O jornalista americano desapareceu em 23 de janeiro, em Karachi, quando investigava a ação de grupos extremistas paquistaneses e sua possível ligação com o britânico Richard Reid, preso e acusado, nos Estados Unidos, por tentar detonar explosivos escondidos em seu tênis, durante um vôo entre Paris e Miami, em dezembro. De acordo com a promotoria, Saeed montou uma emboscada para Pearl prometendo lhe arranjar uma entrevista com um clérigo islâmico. Pearl foi decapitado e as cenas, gravadas em vídeo pelos assassinos, foram divulgadas poucas semanas após o seqüestro. A polícia paquistanesa está realizando testes de DNA em um corpo encontrado numa favela de Karachi, em maio, para verificar se realmente é do repórter.

O condenado, nascido na Grã-Bretanha, é ex-estudante da London School of Economics. Os outros três cúmplices de Saeed – Salman Saqib, Fahad Naseem e Shaikh Adil – foram sentenciados na prisão de alta segurança onde se realizou o julgamento e para onde haviam sido transferidos desde Karachi, por razões de segurança. Seus advogados prometem apelar da sentença.
As autoridades paquistanesas esperavam uma reação violenta por parte dos extremistas islâmicos, já revoltados pelo apoio do presidente Pervez Musharraf aos Estados Unidos, na luta contra o terrorismo. Os EUA queriam a extradição de Saeed para investigar suas ligações com a Al Qaeda, mas o pedido foi recusado. Há suspeitas de que isso não tenha ocorrido porque o militante britânico poderia falar aos americanos sobre as ligações entre a Al Qaeda e a organização de inteligência do Paquistão.

Para saber mais:
http://www.consumptionjunction.com/feat/cc/detail.asp?ID=9833


Camila Rutka

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