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JORNALISMO
- UFSC
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Na
década de 90, o premiado jornalista alemão Günter
Wallraff, sob pseudônimo, atuou vários meses na
redação do Bild. Dessa experiência, resultou
o livro Fábrica de Mentiras, publicado no Brasil pela
editora Globo. A seguir, transcrevemos trecho de um dos capítulos.
“A verdade está no Bild, tanto
nas linhas quanto nas entrelinhas: possivelmente ela se encontra
de qualquer maneira, por detrás das letras impressas.
Impresso é tudo aquilo que faz aumentar a tiragem –
mesmo que, por acaso, seja verdade. E não impresso é
tudo aquilo que não ajuda a vender. Um princípio
clássico, simples, e, ao mesmo tempo, de utilidade universal.
Numa época em que se vive com pressa, exige-se um jornalismo
rápido, muito rápido. O raio da escrita tem exatamente
360 graus. O escrevinhador do Bild é bom em generalizações.
Se os leitores acreditam ou não em tudo o que se publica,
não tem a menor importância, desde que continuem
comprando o jornal. Pode-se ignorar algumas poucas cartas críticas
de leitores, pois nada se torna grave enquanto “os elementos
primitivos” das massas não se erguerem e não
se tornarem verdadeiramente obstinados.
Como com a história da cartomante: se não existissem
cartomantes, o Bild teria que criá-las. As pessoas que
acreditam nas suas capacidades adivinhatórias não
são apenas algo para o Bild, mas são o próprio
Bild. Aqui, se trata de uma mulher, uma pequena salafrária.
O Bild descreve carinhosamente o seu negócio.
E aquela mulher sem ambições vê então
- estimulada pelo Bild – sua grande oportunidade de se
transformar numa salafrária de porte universal, com possibilidade
de se tornar milionária. Pois - e para isso ela é
realmente lúcida - uma história dessas no Bild
constitui um capital que gerará lucros. O artigo no Bild
faz seu negócio ir de vento em popa e cria uma base para
enganações ainda maiores. O Bild ajuda-a a ter
o ar adequado de “seriedade” e fama.
Mas surge uma verdadeira tempestade de reclamações
dos leitores que compraram “os bilhetes de loteria”
da cartomante. Traídos e enganados, eles ocupam a redação.
Agora surge o grave perigo de alguém procurar o culpado.
O que faz o esperto chefe de redação numa situação
como essa? Ele muda de rumo de acordo com o lado para qual o
vento sopra. Transforma o apoio em acusação. Os
atores continuam a ser os mesmos, mas há alterações
na peça. E agora representa-se: “Cartomante trai
os leitores do Bild”. Schwindmann: “Agora a coisa
anda sozinha. Vamos fazer um quarto artigo sobre o assunto”.
Por três dias seguidos representa-se a peça no
palco, agora maior: a edição nacional. No último
dia, o artigo sai com o seguinte título: “O FBI
está atrás da madame Vionville”. A história
é arranjada, os advogados são contratados, e por
fim, a cartomante foge. Uma pequena salafrária foi transformada
numa criminosa. O Bild pode, tranqüilamente, cometer seus
erros: sabe como utilizá-los em seu próprio benefício.” |
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