Número 1 - Ano I - Edição fechada em 29 de Julho de 2002 Florianópolis-SC
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Os amantes do Jazz e da Bossa-Nova comemoram o lançamento de clássicos dos gêneros fora de catalogo ou que não foram lançados no Brasil. Discos de artistas como Baden Powell, Vinícius de Moraes e Tom Jobim, Edison Machado, Maysa, João Donato entre outros, antes só disponíveis em caríssimas cópias de vinil, ressurgem com preços convidativos. São edições muito bem feitas, com texto explicativo sobre os discos e os intérpretes (coisa rara no Brasil), os encartes contém ficha técnica, capa e contracapa originais, reconstituídas digitalmente. - a média de preço não ultrapassa os R$ 12 reais.

Essa grande batalha para preservar a memória musical brasileira, partiu de Charles Gavin, baterista dos Titãs, que remasterizou os clássicos da bossa na CBS (catálogo sob controle da Sony), RCA (sob controle da BMG), Warner e Universal e participa de projetos de remasterização e relançamento em praticamente todas as gravadoras que detém catálogos de soul, jazz e rock nacionais. A coleção inclui boas coletâneas de Chet Baker e Nina Simone - artistas que tem pouco material lançado no Brasil.


O barquinho – Maysa (Columbia) - Lançado em 1960 com produção de Ronaldo Boscôli e o acompanhamento do conjunto de Roberto Menescal, este disco teve como objetivo divulgar a bossa que precisava de alguém de peso para divulgar a nova estética. Deu certo a ponto de O Barquinho se tornar um clássico na interpretação de Maysa (Nasc/Morte). Após o lançamento do disco, Maysa, que tem na lista de fãs o ator Marlon Brando, saiu em turnê pelo Brasil e depois no exterior, fazendo shows na Argentina, Uruguai, Estados Unidos, França e Portugal.

The new sound of Brazil – João Donato (RCA/BMG) – Um clássico da musica brasileira gravado no exterior. Este é o primeiro disco de João Donato como líder, nos Estados Unidos, gravado em 65 e só lançado agora no Brasil. Produção de Andy Wiswell e arranjo e condução do lendário maestro alemão Claus Ogerman, além do grande time de músicos: Luís Bonfá e Carlos Lyra se revezando no violão, Richard Davis no contrabaixo (que já tinha acompanhado Sarah Vaughan, Chet Baker, Gil Evans e Wes Montgomery), na bateria Bill Goodwin, a percussão do lendário baterista Dom Um Romão que toca nas faixas Samba de Orfeu e No Coreto. Dom Um foi remanejado para a percussão porque o produtor achava que ele tocava de um jeito demasiado brasileiro e isso poderia atrapalhar o sucesso comercial do disco. Nos sopros, Jerome Richardson (flautas) e Jimmy Cleveland (trombone), e nos violinos, violas e cellos, músicos da Filarmônica de Nova Iorque.

Solitude on guitar – Baden Powell (Columbia) – Em 1973, Baden Powell já era um nome conhecido na música mundial quando gravou este disco na Alemanha, onde morou. Baden estreou na Rádio Nacional e foi adotado pelo grupo de jazz de Ed Lincoln. Começou a compor e teve suas músicas gravadas por Lúcio Alves, acompanhou Sylvia Telles nas boates de Copacabana e teve em Vinícius de Moraes um de seus grandes parceiros nos anos 60.

Edison Machado é samba novo
– Edison Machado

(Columbia) – Edison Machado (morto em 88) foi ao lado de Dom Um Romão um dos maiores bateristas do Brasil. Foi cabo do exército e dizem que, quando tocava, parecia estar lutando contra os alemães. Acompanhado por Tenório Jr. ao piano, Paulo Moura e J. T. Meirelles no sax, Maciel e Raulzinho no trombone, Pedro Paulo no pistom e o legendário Tião Neto no baixo. A produção é de Moacir Santos.

O LP – Os Cobras (RCA/BMG) - Em 63 Milton Banana, Tenório Jr, Raulzinho, Zezinho e Hamilton Cruz (com participação de Paulo Moura e J.T. Meireles) se intitularam Os Cobras e gravaram O LP. Pode parecer pretensioso, mas o nome da banda corresponde ao porte dos músicos e O LP é uma obra prima e um dos discos fundamentais do samba-jazz.

White blues - Chet Baker (Camden/BMG) – Boa coletânea de um perito do cool jazz, morto em Amsterdã, Holanda, em 13 de maio de 1988, ao despencar (ou se jogar?) da janela do segundo andar de um hotel. O disco tem gravações de Chet em 62 na Itália e da década de 80. Não é uma compilação “definitiva” mas tem boas músicas, ficha técnica e um pequeno texto sobre o trompetista. Enfim um disquinho bom, bonito e barato - média de R$ 15 reais.

Releasead - Nina Simone (Camden/BMG) – Ótima coletânea com 21 músicas de Nina gravadas entre 67 e 71. Destaque para Just like a woman de Bob Dylan e uma versão ao vivo de Ain´t got no – I got life, clássico hippie do filme Hair - média de R$ 15 reais.

Hugo Oliveira

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