Número 2 - Ano I - Edição fechada em 21 de Novembro de 2002 Florianópolis-SC
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Zero comemora 20 anos!
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Em ocasiões como esta somos tentados à grandiloquência. Não é o que se dará. Num distante dia de setembro de 1982, transcorridos apenas três anos da criação do Curso de Jornalismo, nascia, do empenho de alguns professores e de seus alunos, nosso tão prezado Zero, durante muito tempo, nosso primeiro e único laboratório de uma área que não é vista como ciência apesar do seu inarredável compromisso com a melhoria da sociedade, a dignidade do homem e a defesa das liberdades. Todas as liberdades. Nascia nosso liberto jornal. Fiel aos primeiros impressores do mundo, os chineses, e ao europeu Gutenberg que entregou ao Ocidente os tipos móveis, nasceu em seu primeiro número em versão tipográfica, impresso na solidez do metal e da força das prensas de contato direto com a matriz.

Os registros do autor e das razões que motivaram tão curiosa e, original, denominação se perderam no tempo. Mas restou a nítida intenção de que, para nossos alunos, o jornal representava o primeiro passo de uma longa jornada em direção ao amadurecimento e permanente evolução profissional. Algo como o quilômetro zero, sempre central na vida de qualquer cidade e, aqui, na de nossos estudantes. Embora desde o início este curso tenha mantido sua opção exclusiva pelo Jornalismo, com o tempo, as transformações do mercado profissional e os avanços tecnológicos, naturalmente, acrescentaram outros laboratórios. E muitos alunos, seduzidos por outras linguagens e discursos mergulharam em suas escolhas individuais, já não tão envolvidos com a mídia impressa – ainda hoje, a fonte mais procurada para explicar os fatos e aprofundar o conhecimento da realidade. Assim fluiu o Zero, absorvendo o ritmo das mudanças e, como todos que o fazem, evoluindo. Feito sempre com o indispensável distanciamento crítico mas também com muita paixão.

O Zero é absolutamente independente, requisito da verdadeira liberdade de expressão. Seus princípios e compromissos se voltam exclusivamente para seus leitores e seu mantenedor, o contribuinte. Vale dizer, o cidadão brasileiro tão desrespeitado por todos os poderes da República. Como o jornal é mantido por verba específica, destinada pelo Ministério da Educação, nosso publisher é o povo, sem demagogia ou disfarçada hipocrisia. Assim, o jornal não deve atrelamento sequer ao próprio Departamento de Jornalismo. Muito menos ao reitor, ao prefeito, ao governador ou até mesmo ao presidente. Seu compromisso é com a defesa do cidadão, do espaço público, da democracia, das liberdades civis, do Estado de direito e da Justiça. Forçosamente, portanto, exerce uma aguçada investigação da atividade dos extratos que compõem a sociedade, como da própria imprensa. Em nossa equipe, mais que profissionais preparados, exigimos profissionais críticos e conscientes da missão fiscalizadora da imprensa. Inclusive sobre si mesma.

O jornal publica apenas o que decide seu Conselho Editorial, formado exclusivamente pelos professores e alunos que o fazem. É dessa forma, que cada turma, naturalmente, impõe sua personalidade ao jornal em cada semestre. E executam as experiências decididas neste restrito grupo, sem influências externas. Essa liberdade permite que, com frequência, se criem experiências que incluem até alterações no formato do jornal (normalmente tablóide) ou experimentem edições monotemáticas de até 32 páginas. (O jornal já arriscou uma avaliação da década de 80, uma edição toda voltada sobre a mídia impressa, em outra, fez uma análise política da América do Sul e realizou duas edições especiais sobre quadrinhos.)

Em sua postura editorial crítica, que não inclui somente o denuncismo, busca oferecer outra leitura
da realidade do campus, da cidade, do estado, do Brasil e até do mundo, diferenciada da oferecida pelos diários estaduais e nacionais. E valoriza, sempre que pode, a informação cultural, seja informativa ou crítica. Afinal, o jornal deve informar mas também formar. E nisso implica seu compromisso com as causas mais nobres da cidadania e em defesa do espaço público.

Por tudo isto, é muito oportuno que esta edição que comemora os 20 anos de existência do Zero coincida com uma edição especial, que revisita e registra alguns dos principais fenômenos desencadeados pela recente eleição e, sobretudo, pela vibrante disputa presidencial. Apesar dos costumeiros revezes, tivemos um ano extraordinário ao conquistar um inédito pentacampeonato mundial de futebol (sem esquecer outras inesquecíveis vitórias em outros campos e esportes) e eleger um líder metalúrgico para a presidência da República. Amadurece e cresce nossa auto-estima tanto quanto se consolida nossa jovem democracia. Foram duas grandes lições ao mundo de uma Nação que toma fôlego e adota outro destino histórico. Com mais fé e, de novo, esperança. Ingressamos no século 21. Enfim!

O Editor

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