Número 2 - Ano I - Edição fechada em 21 de Novembro de 2002 Florianópolis-SC
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Professor não ganhou apoio da UFSCO juiz da 4ª Vara Federal de Florianópolis, Paulo Henrique de Carvalho, considerou improcedente o pedido de indenização por danos morais feito pelo engenheiro Wilson Borlin, referente à reportagem de capa publicada pelo Zero em setembro de 1998. Carvalho deu ganho de causa ao professor Henrique Finco, na época supervisor do jornal, e à UFSC. Borlin alega que o jornal o acusou, indevidamente, de superavaliar o valor de aluguel de um prédio locado pela Delegacia da Receita Federal (DRF) na avenida Osmar Cunha - no centro da Capital. Os advogados do engenheiro já recorreram da decisão do juiz. A apelação foi enviada ao Tribunal Regional Federal de Porto Alegre. O engenheiro alega que sofreu danos morais e vem tendo prejuízos financeiros. O valor pedido como indenização é de aproximadamente R$ 44 mil, o equivalente a 220 salários mínimos.

A defesa do professor Finco alegou que o conteúdo da matéria atingia diretamente a instituição federal e não o engenheiro Wilson Borlin. Argumentou, ainda, que a responsabilidade pela publicação da reportagem era exclusiva da Universidade Federal de Santa Catarina. O juiz considerou que as informações publicadas no jornal eram verídicas. No texto da sentença, defendeu a livre manifestação do pensamento e concluiu que “a notícia relata irregularidades na gestão do patrimônio público, que demanda fiscalização acurada da sociedade”.

Coincidência -
Fora desta briga, quem saiu ganhando foram os cofres públicos. Depois da denúncia feita pelos repórteres Pedro Valente, Grasiela Costa e Alexandre Brandão no Zero, o preço pago pelo aluguel das salas baixou significativamente. Nos últimos quatro anos cerca de R$ 2 milhões foram economizados pelo governo federal. Entre outubro de 1998 e agosto do ano seguinte, o valor mensal de locação de parte do imóvel da Receita Federal ficou em torno de R$ 36 mil. Em setembro do mesmo ano o valor do aluguel das salas subiu para R$ 61 mil e sofreu reajustes até abril de 2002, quando chegou ao valor de cerca de R$ 69 mil.

Em 2001 a justiça solicitou uma nova avaliação do imóvel. No laudo pericial ficou comprovada a discrepância entre os valores apresentados por Borlin e por outros dois engenheiros, Paulo F. Junger e Carlos E. Averbeck. Enquanto Borlin avaliou em R$ 94.130 o valor de locação das salas, o preço médio para o aluguel estabelecido por Junger e Averbeck ficou em R$ 52.750. O resultado da perícia corresponde a valores referentes ao mês de dezembro de 1997.

No laudo, o perito judicial Orlando da Silva Filho considerou que a diferença de valores na avaliação feita por Borlin aconteceu devido a um erro de cálculo e não por má fé do autor. Segundo os advogados do Sintufsc, Antônio Carlos da Silva e Elias Norberto da Silva que defenderam o professor Finco, a avaliação do engenheiro não levava em conta que o valor de cada metro quadrado deveria diminuir quanto maior fosse o espaço alugado. “Uma coisa é alugar uma sala, outra coisa é alugar todo o prédio. Obviamente o valor do metro quadrado da área do prédio tem que ser menor que o da sala”, explicou o advogado Antônio Carlos da Silva. Borlin se exime de culpa dizendo que o erro ocorreu por causa de um problema na planilha de cálculos fornecida pela Delegacia do Patrimônio da União (DPU). “Eu somente lanço os fatores de cálculo na planilha fornecida pela DPU”, disse Borlin.

Mal entendido - O engenheiro diz ter deixado claro ao repórter Alexandre Brandão, no momento da entrevista, que não tinha conhecimento sobre eventuais irregularidades no aluguel do imóvel. Para ele, o relato publicado da conversa que teve com Brandão foi tendencioso. “O repórter veio predisposto a me prejudicar e acabou publicando um absurdo”, completa o engenheiro. Borlin alegou, também, que foi apenas solicitado para fazer uma avaliação do valor do imóvel e que não era o responsável pelo processo de licitação e locação das salas.
Brandão diz que foi fortemente ameaçado pelo engenheiro após a entrevista. “Ele disse para mim ter cuidado quando estivesse andando sozinho na rua”. O engenheiro garante que somente alertou o repórter que entraria na justiça requerendo indenização por danos morais caso a matéria contivesse qualquer informação irreal ou tendenciosa.

Marcos Franzoni

Em setembro de 1998 o Zero publicou, como matéria de capa e na página central, a denúncia de que a Receita Federal pagava aluguel com valor muito acima do preço de mercado por um prédio ainda em construção localizado na avenida Osmar Cunha, no centro de Florianópolis. Na época, o jornal era supervisionado pelo professor Henrique Finco e a reportagem foi assinada pelos estudantes Alexandre Brandão, Pedro Valente e Grasiela Costa. A denúncia envolvia o engenheiro Wilson Borlin, que avaliou o imóvel, a Delegacia da Receita Federal (DRF) e a RCD Empreendimentos, responsável pela construção do prédio. O Delegado da DRF, Jamir Cassol, afirma na reportagem, que as salas vinham sendo utilizadas para arquivamento de material apreendido. Fotografias publicadas pelo Zero mostraram, porém, que o prédio ainda estava em construção e não podia estar sendo usado.
A Receita Federal pagava R$ 94.130 de aluguel, conforme mostram os comprovantes de pagamento anexados à reportagem. Este valor foi estipulado pelo engenheiro Wilson Borlin, da Delegacia do Patrimônio da União. Corretores de imóveis consultados pela reportagem na época avaliaram que o preço de mercado das salas era de aproximadamente R$ 50 mil. A matéria trazia também o relato de uma conversa entre o repórter Alexandre Brandão e Borlin. Foi este relato, considerado tendencioso pelo engenheiro, que motivou o pedido de indenização.
Marcos Franzoni

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