Número 2 - Ano I - Edição fechada em 21 de Novembro de 2002 Florianópolis-SC
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Foto: Miriam  Fichtner - ÉpocaApesar do cenário ser chamado de “arena”, o que menos se viu no “debate” organizado pela rede Globo em formato importado dos Estados Unidos, foi o embate direto entre os candidatos. Cercados por 150 eleitores indecisos de várias regiões do país, os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva, da Coligação Lula Presidente (PT, PL, PC do B, PCB, PMN), e José Serra, da Grande Aliança (PSDB, PMDB), não puderam fazer perguntas um ao outro. Serra ainda tentou indagar o adversário sobre questões como o reajuste do salário mínimo para 2003, enquanto respondia as cerca de 15 perguntas dos eleitores, mas foi ignorado por Lula.

Os momentos mais tensos do programa, que teve média de 36 pontos no Ibope, se restringiram a duas reclamações de Lula sobre intervenções do adversário. Na segunda reclamação, o candidato petista ganhou direito de resposta, apesar de não ter ocorrido nenhuma ofensa pessoal, para explicar a origem do programa de progressão continuada que impede a repetência no ensino público. Serra insinuou que Lula seria incoerente ao condenar o programa criado pelo educador Paulo Freire, do próprio PT.

Serra também criticou o que chamou de “arrogância” do adversário que se apresentou como “a única chance que o Brasil tem de fazer um novo pacto social”. Mas se revelou excessivamente auto-confiante.“Eu não me considero o único não. Eu me considero o melhor”, disse o tucano, que nesse debate defendeu as políticas do governo FHC e continuou a tática usada nos programas eleitorais de mostrar os problemas das administrações petistas. Lula sorria irônico diante das provocações. “Eu posso falar do futuro. Meu adversário não pode porque é governo”, cutucou.

Perguntado pelo pesquisador carioca José Paulo Gallardi Leite sobre a previdência, Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que nenhum aposentado pode receber menos do que quando estava no mercado de trabalho. “No mundo inteiro, a pessoa, quando se aposenta, ganha um prêmio. No Brasil, ganha um castigo”, alertou o petista. Serra replicou que só o aumentou na arrecadação pode melhorar a aposentadoria da população.

Lula também criticou a política social do atual governo que gastaria anualmente R$ 3,3 bilhões. “Nós estamos confundindo programas sociais com esmola dada a pessoas muito pobres”, disse ao que o tucano rebateu, garantindo que são gastos anualmente R$ 28 bilhões na área social e que o adversário esquecia de contabilizar os benefícios do INSS. Lembrou que o presidente Fernando Henrique deve receber o prêmio Mahbub ul Haq da Organização das Nações Unidas (ONU) pela melhora no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) durante seus oito anos de governo.

O comerciante de Pernambuco José Carlos Flores se mostrou preocupado com o tráfico de drogas. Serra defendeu que o combate não deve esquecer do viciado e prometeu criar 200 clínicas de recuperação que atendam pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Lula criticou a idéia do adversário. “Fica mais barato para o Estado evitar o problema do que conbatê-lo depois”, disse.

A pergunta da empresária baiana Taíse Santos sobre salário mínimo foi a oportunidade de Serra de cobrar promessas mais específicas do petista. “Parece que vai chegando a eleição e as propostas vão ficando mais vagas quanto a juros, salário mínimo.” Ele propôs um aumento de pelo menos 50% em termos reais nos próximos quatro anos e um mínimo de R$ 220 para o próximo ano.

O tucano aproveitou a questão dos impostos em cascata para criticar administrações petistas. “Nas prefeituras do PT, o ISS (Imposto sobre Serviços) e o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) são o dobro do que o de outras capitais”, disse o candidato que prometeu diminuir a carga tributária em um ponto percentual por ano. Lula lembrou que durante o governo FHC ela aumentou nove pontos e chegou a 36%.

Os candidatos repetiram seus slogans de campanha nas considerações finais. Serra lembrou que os eleitores estariam decidindo seus próximos quatro anos na votação do dia 27 e pediu que cada eleitor seu conseguisse mais um voto para reverter o resultado. Lula ironizou o discurso do tucano. “Eu não posso fazer o mesmo pedido que o Serra, porque senão nós iremos passar os 100%”, disse, apostando na vitória da esperança sobre o medo.

Márcio Fukuda

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