Número 2 - Ano I - Edição fechada em 21 de Novembro de 2002 Florianópolis-SC
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As pesquisas de intenção de voto para o governo e senado, em Santa Catarina, no primeiro turno, apresentaram equívocos que ultrapassaram as margens de erro divulgadas pelos institutos responsáveis. O candidato petista ao governo do estado, José Fritsch obteve 27,33% dos votos válidos, enquanto os índices das pesquisas divulgadas davam: (Diário Catarinense/Mapa) 17%; (A Notícia/Brasmarket) - 16%; (Ibope) - 13%. “Se não houvesse esses problemas das pesquisas, nós teríamos eleito o governador do estado”, garante Fábio de Oliveira, um dos advogados do Partido dos Trabalhadores.

A assessoria jurídica do PT de Santa Catarina pretende ingressar com uma ação de investigação judicial no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contra os institutos de pesquisa, contratados para informar as intenções de voto para o primeiro turno das eleições no estado. O partido se sente prejudicado pelas pesquisas que, por exemplo, mostraram o candidato José Fritsch, sem chances de disputar o segundo turno. Os advogados não concluíram a ação, já que ainda estão discutindo e aprimorando os termos, mas o pedido deve ser encaminhado antes do final do ano.

A questão levantada pelo PT é a influência que as pesquisas têm sobre os eleitores. Os petistas acreditam que, se os institutos tivessem detectado que ele estava apenas 3% atrás, o resultado seria diferente. É possível que parte do eleitorado tenha deixado de votar em Fritsch por achar que ele não tinha chances de alcançar o segundo turno e tenha optado pelo peemedebista, que acabou indo para a disputa final e sendo eleito.

Os últimos resultados das intenções de voto para governador apresentaram um erro superior a 10% em relação ao índice final das eleições, obtido pelo terceiro colocado, José Fritsch. O erro também foi grande nas pesquisas para o senado. A candidata Ideli Salvatti aparecia nas pesquisas com 21%, mas foi a primeira senadora eleita, com 31,93% dos votos. Apesar do resultado favorável, Ideli Salvatti diz que as pesquisas foram “um escândalo”. Os institutos se defendem com a explicação de que as pesquisas medem somente o momento e são passíveis de erro.

Informado pela reportagem do Zero sobre a ação do PT, José Nazareno Vieira, presidente do Instituto Mapa - que realizou pesquisas para o jornal Diário Catarinense - caracterizou a atitude como típica do partido: “O discurso do PT é ser do contra” tenta justificar Vieira. Ele questiona ainda a popularidade do candidato José Fritsch, dizendo que ele era praticamente desconhecido em algumas regiões do estado. E fez uma acusação: “Alguns militantes petistas de Blumenau montavam esquemas para serem entrevistados. Tivemos 16 entrevistas anuladas, porque as pessoas se repetiam nos pontos em que estávamos fazendo a pesquisa”.

Para Vieira pesquisa não é previsão / Foto:  Divulgação/www.mapa.com.br O presidente do Instituto Mapa explicou que quase todas as pesquisas para o senado indicavam 14% de indecisos, e além deste índice, foram entrevistados 1.800 eleitores, após o primeiro turno, o que demonstra que 13% mudaram o voto na urna ou às vésperas da eleição. Isto representa mais de 800 mil votos, número que derrubou as margens de erro estipuladas pelos institutos. “Não erramos muito, porque o gráfico evolutivo indicava o crescimento dos candidatos Hugo Bihel e Ideli Salvatti. E o resultado confirmou, Ideli foi eleita e Hugo Biehl perdeu por menos de 0,5% para o Pavan”. A explicação do presidente do Mapa para o mesmo erro nas pesquisas para governador foi, novamente, o índice de eleitores indecisos. Como na pesquisa para o senado, o gráfico indicava a ascendência do candidato do PT.

“As pessoas relacionam a pesquisa política à previsão, quando são na verdade apenas o retrato de um momento. Os próprios meios de comunicação têm essa visão distorcida”, diz Vieira. Ele admite que as margens de erro não são adequadas para o modo como são coletadas as entrevistas para intenção de voto. “As pesquisas políticas, de uma maneira geral, não são probabilísticas, porque não daria tempo para fazê-las.” A probabilística significa que deve-se sortear municípios e dentro deles, sortear bairros, depois quadras, residências e, por último, sortear quem será entrevistado, mediante a representatividade da população.

O argumento de que pesquisas mostram apenas uma tendência não serve para o PT. “Se o critério for esse, a Mãe Dinah também está certa. Tudo o que ela fala, ela diz que é previsão, perspectiva. Estamos falando de ciência, matemática, estatística, não é chute”, diz Fábio de Oliveira, o advogado do partido que acredita que “os institutos foram tendenciosos na forma como planejaram e fizeram as pesquisas” diz. Mesmo com o teor das suspeitas, o advogado não acredita que a ação que o PT pretende mover possa levar a uma eventual anulação do pleito eleitoral: “Se gerar a polêmica já está positivo”, concluiu Oliveira. Esta é a primeira vez que o partido discute seriamente uma intervenção judicial, a despeito do PT achar ter sido prejudicado pelas pesquisas, também em outras ocasiões.



Vivian Awad
Mariana Faraco

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