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As
pesquisas de intenção de voto para o governo
e senado, em Santa Catarina, no primeiro turno, apresentaram
equívocos que ultrapassaram as margens de erro
divulgadas pelos institutos responsáveis. O candidato
petista ao governo do estado, José Fritsch obteve
27,33% dos votos válidos, enquanto os índices
das pesquisas divulgadas davam: (Diário Catarinense/Mapa)
17%; (A Notícia/Brasmarket) - 16%; (Ibope)
- 13%. “Se não houvesse esses problemas
das pesquisas, nós teríamos eleito o governador
do estado”, garante Fábio de Oliveira,
um dos advogados do Partido dos Trabalhadores.
A assessoria jurídica do PT de Santa Catarina
pretende ingressar com uma ação de investigação
judicial no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contra
os institutos de pesquisa, contratados para informar
as intenções de voto para o primeiro turno
das eleições no estado. O partido se sente
prejudicado pelas pesquisas que, por exemplo, mostraram
o candidato José Fritsch, sem chances de disputar
o segundo turno. Os advogados não concluíram
a ação, já que ainda estão
discutindo e aprimorando os termos, mas o pedido deve
ser encaminhado antes do final do ano.
A questão levantada pelo PT é a influência
que as pesquisas têm sobre os eleitores. Os petistas
acreditam que, se os institutos tivessem detectado que
ele estava apenas 3% atrás, o resultado seria
diferente. É possível que parte do eleitorado
tenha deixado de votar em Fritsch por achar que ele
não tinha chances de alcançar o segundo
turno e tenha optado pelo peemedebista, que acabou indo
para a disputa final e sendo eleito.
Os últimos resultados das intenções
de voto para governador apresentaram um erro superior
a 10% em relação ao índice final
das eleições, obtido pelo terceiro colocado,
José Fritsch. O erro também foi grande
nas pesquisas para o senado. A candidata Ideli Salvatti
aparecia nas pesquisas com 21%, mas foi a primeira senadora
eleita, com 31,93% dos votos. Apesar do resultado favorável,
Ideli Salvatti diz que as pesquisas foram “um
escândalo”. Os institutos se defendem com
a explicação de que as pesquisas medem
somente o momento e são passíveis de erro.
Informado pela reportagem do Zero sobre
a ação do PT, José Nazareno Vieira,
presidente do Instituto Mapa - que realizou pesquisas
para o jornal Diário Catarinense - caracterizou
a atitude como típica do partido: “O discurso
do PT é ser do contra” tenta justificar
Vieira. Ele questiona ainda a popularidade do candidato
José Fritsch, dizendo que ele era praticamente
desconhecido em algumas regiões do estado. E
fez uma acusação: “Alguns militantes
petistas de Blumenau montavam esquemas para serem entrevistados.
Tivemos 16 entrevistas anuladas, porque as pessoas se
repetiam nos pontos em que estávamos fazendo
a pesquisa”.
O presidente do Instituto Mapa explicou que quase todas
as pesquisas para o senado indicavam 14% de indecisos,
e além deste índice, foram entrevistados
1.800 eleitores, após o primeiro turno, o que
demonstra que 13% mudaram o voto na urna ou às
vésperas da eleição. Isto representa
mais de 800 mil votos, número que derrubou as
margens de erro estipuladas pelos institutos. “Não
erramos muito, porque o gráfico evolutivo indicava
o crescimento dos candidatos Hugo Bihel e Ideli Salvatti.
E o resultado confirmou, Ideli foi eleita e Hugo Biehl
perdeu por menos de 0,5% para o Pavan”. A explicação
do presidente do Mapa para o mesmo erro nas pesquisas
para governador foi, novamente, o índice de eleitores
indecisos. Como na pesquisa para o senado, o gráfico
indicava a ascendência do candidato do PT.
“As pessoas relacionam a pesquisa política
à previsão, quando são na verdade
apenas o retrato de um momento. Os próprios meios
de comunicação têm essa visão
distorcida”, diz Vieira. Ele admite que as margens
de erro não são adequadas para o modo
como são coletadas as entrevistas para intenção
de voto. “As pesquisas políticas, de uma
maneira geral, não são probabilísticas,
porque não daria tempo para fazê-las.”
A probabilística significa que deve-se sortear
municípios e dentro deles, sortear bairros, depois
quadras, residências e, por último, sortear
quem será entrevistado, mediante a representatividade
da população.
O argumento de que pesquisas mostram apenas uma tendência
não serve para o PT. “Se o critério
for esse, a Mãe Dinah também está
certa. Tudo o que ela fala, ela diz que é previsão,
perspectiva. Estamos falando de ciência, matemática,
estatística, não é chute”,
diz Fábio de Oliveira, o advogado do partido
que acredita que “os institutos foram tendenciosos
na forma como planejaram e fizeram as pesquisas”
diz. Mesmo com o teor das suspeitas, o advogado não
acredita que a ação que o PT pretende
mover possa levar a uma eventual anulação
do pleito eleitoral: “Se gerar a polêmica
já está positivo”, concluiu Oliveira.
Esta é a primeira vez que o partido discute seriamente
uma intervenção judicial, a despeito do
PT achar ter sido prejudicado pelas pesquisas, também
em outras ocasiões. |
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Vivian Awad
Mariana Faraco |
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