Número 2 - Ano I - Edição fechada em 21 de Novembro de 2002 Florianópolis-SC
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Também no Rio Grande do Sul o PT culpa as pesquisas pela derrota nas urnas. As duas fontes utilizadas pelo jornal Zero Hora, do grupo RBS – o Ibope e o Centro de Estudos e Pesquisas em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Cepa-UFRGS), apresentaram números muito distantes da apuração oficial. Dois dias antes das eleições, a pesquisa Ibope previa uma diferença de 16 pontos porcentuais a favor do candidato do Germano Rigotto (PMDB) contra Tarso Genro(PT). Na véspera do segundo turno foi publicado pelo Zero Hora a pesquisa do Cepa-UFRGS, que indicava 19 pontos de diferença a favor de Rigotto. O resultado oficial do TRE-RS indicou 52,67% para Germano Rigotto e 47,33% para Tarso Genro. Diferença de 5,34 pontos porcentuais.

O candidato derrotado Tarso Genro acusou o Ibope e a RBS de errar deliberadamente, para prejudicar sua candidatura. “A oito dias da eleição, uma pesquisa desestimulante para nossas bases deu 23 pontos de diferença. Mesmo a boca-de-urna, com 12 pontos, saiu muito da margem de erro, porque a diferença não vai chegar a seis pontos. Um grupo de comunicação publicou pesquisas manipuladas contra nós para desestimular a base militante”, acusou o ex-prefeito de Porto Alegre. O petista disse ainda que a única pesquisa de intenção de voto que desde o começo das eleições se mostrou correta, adequada, imparcial e responsável foi a do Centro de Pesquisa do jornal Correio do Povo, principal concorrente da Zero Hora. Dois dias antes da eleição, o CP divulgou sua última pesquisa para o governo do estado do Rio Grande do Sul, com números semelhantes aos da apuração oficial: 52,6% para Germano Rigotto, 47,4% para Tarso Genro.

Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, rebateu as críticas dos petistas mas reconheceu que o instituto errou nas pesquisas de segundo turno para o governo gaúcho. Montenegro diz que as previsões do Ibope não são a verdade absoluta. “A pesquisa é feita com 3 mil eleitores. O eleitorado é de 6 milhões, então isso pode acontecer, porque você não pode, com 3 mil pessoas, acertar tudo. Admitimos que no Rio Grande do Sul a diferença fugiu da margem de erro. O Ibope lamenta e pede desculpas aos gaúchos por não ter precisado o número da forma que nós precisamos em Santa Catarina”.

Como resultado de seus erros, os jornais da RBS têm perdido leitores e enfrentando uma campanha popular de boicote com adesivos, pichações e sites na internet. O principal site anti-RBS é o Zero Fora (www.zerofora. hpg.com.br) que prega boicote não só à RBS, como aos anunciantes que aparecerem em seus produtos Até agora mais de 15 mil pessoas passaram pela página que contém artigos de diversos autores..

Como efeito da campanha, em 3 de novembro, a RBS publicou editorial na edição dominical de Zero Hora, assinado pelo presidente do grupo, Nélson Sirostky, em que pedia desculpas aos leitores pelo erro da pesquisa Ibope. Eles também enviaram cartas pedindo desculpa para todos que cancelaram a Zero Hora. O editorial lamentava os “comentários precipitados sobre outras pesquisas”, realizados pelos comunicadores nos veículos do grupo e cumprimentava o centro de pesquisas do rival Correio do Povo pela precisão no levantamento de intenção de voto. Sirotsky reiterou que a RBS não possui estrutura própria para fazer levantamentos e que contrata institutos independentes que exercem a atividade com autonomia. Apesar de acreditar que os erros e acertos dos institutos são normais, ele diz que a RBS vai formar uma comissão para reavaliar a contratação e divulgação de pesquisas eleitorais. Vão participar Wrana Panizzi, a reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e o presidente da Associação Riograndense de Imprensa Ercy Torma.

Upiara Boschi

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