O
título de ex-governador de estado não
impressionou os eleitores nesta última eleição.
Dos 38 que tentaram voltar à vida pública,
25 foram derrotados pelas urnas. Entre eles políticos
tradicionais e ex-campões de votos, como Paulo
Maluf (PPB-SP), Leonel Brizola (PDT-RJ), Orestes Quércia
(PMDB-SP), Newton Cardoso (PMDB-MG) e Fernando Collor
de Mello (PRTB-AL). Nestes números estão
excluídos os governadores que tentaram reeleição
e os que se desemcompatibilizaram para concorrer a
outros cargos. Para cada caso, há explicações
diferentes.
Paulo Maluf disputou o governo de São Paulo
e teve mais de 4 milhões de votos, cerca de
21% do eleitorado. Resultado insuficiente para levá-lo
ao segundo turno da eleição, disputado
por Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo petista José
Genoíno. Apesar de ter o voto de boa parte
do eleitorado paulista, chama atenção
a seqüência de derrotas de Maluf nas últimas
eleições. Em 1998 perdeu para Mário
Covas (PSDB), no segundo turno, graças ao apoio
do PT ao tucano. Dois anos depois, Maluf disputou
a Prefeitura de São Paulo e perdeu novamente
no segundo turno, desta vez para a petista Marta Suplicy.
Além dos 73 inquéritos e processos em
curso contra Paulo Maluf, pesa contra ele o apoio
dado a eleição de Celso Pitta para a
Prefeitura de São Paulo em 1996. Naquela campanha,
Maluf dizia: “se o Pitta não for um bom
prefeito, nunca mais votem em mim”. Celso Pitta
deixou a prefeitura com alto índice de reprovação
junto aos paulistas, e Maluf não foi mais eleito.
Ainda em São Paulo, outro ex-governador tentou
em vão voltar à vida pública:
Orestes Quércia disputou uma vaga ao Senado.
Ocupou quase todo o espaço destinado ao PMDB
no horário eleitoral gratuito, tentou pegar
carona na “onda Lula” e teve cerca de
cinco milhões de votos. Ficou em terceiro lugar,
longe dos eleitos Romeu Tuma (PFL) e Aloísio
Mercadante (PT) - primeiro colocado com mais de 10
milhões de votos. Quércia foi governador
de São Paulo entre 1986 e 1990, sucedendo Paulo
Maluf. Conseguiu eleger o sucessor, Luis Antônio
Fleury Filho. Mas quando disputou a Presidência
da República em 1994, ficou em quarto lugar,
atrás de Enéas Carneiro (PRONA).
No Rio de Janeiro, Leonel Brizola ficou em sexto lugar
na disputa para o Senado. O pedetista, que foi eleito
governador do Rio de Janeiro por duas vezes (1982
e 1990), ficou dois milhões de votos atrás
de Marcelo Crivella (PL), o segundo colocado na eleição.
Crivella, além de bispo da Igreja Universal
do Reino de Deus, é sobrinho de Edir Macedo,
fundador da seita. Aos 80 anos de idade, Brizola deve
deixar de disputar cargos eletivos. Além de
comandar o Rio de Janeiro, o líder trabalhista
foi governador do Rio Grande do Sul no início
da década de 60, lutou contra a ditadura militar,
foi exilado, anistiado e disputou a Presidência
da República duas vezes. Perguntado sobre o
futuro, Brizola, irônico, disse que talvez crie
uma igreja. Seu partido, o PDT, deve integrar a base
de sustentação do governo do presidente
Lula.
Em Alagoas, os eleitores adiaram a volta de Fernando
Collor de Mello ao cenário político
nacional. O ex-presidente, afastado por um processo
de impeachment, concorreu ao governo do estado
e perdeu ainda no primeiro turno para o atual governador
Ronaldo Lessa (PSB). A campanha de Collor teve o auxílio
das Organizações Arnon de Mello, grupo
de mídia de sua família, que conta com
o jornal Gazeta de Alagoas e a rádio
Gazeta FM. Teve 40,2% dos votos e culpou o uso da
máquina administrativa a favor da reeleição
de Lessa. O filho do ex-presidente, Arnon de Mello,
foi candidato a deputado federal. Não se elegeu.
Entre os ex-governadores que tiveram sucesso nas
urnas estão Antônio Carlos Magalhães
(PFL-BA) e Jáder Barbalho (PMDB-PA), que renunciaram
ao cargo de senador no ano passado para evitar processos
de cassação. Os dois voltam ao Congresso
com recordes de votação em seus estados.
ACM foi o candidato ao senado mais votado da Bahia,
com quase 3 milhões de votos cerca de 30% do
total. Barbalho desistiu de tentar voltar ao Senado
e concorreu a uma vaga na Câmara de Deputados.
Resultado: foi o candidato mais votado, com 344 mil
votos, cerca de 13% dos votos do Pará.
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