Número 2 - Ano I - Edição fechada em 21 de Novembro de 2002 Florianópolis-SC
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Alagoas não deixa Collor voltar à cena política / Foto: IstoÉ GenteO título de ex-governador de estado não impressionou os eleitores nesta última eleição. Dos 38 que tentaram voltar à vida pública, 25 foram derrotados pelas urnas. Entre eles políticos tradicionais e ex-campões de votos, como Paulo Maluf (PPB-SP), Leonel Brizola (PDT-RJ), Orestes Quércia (PMDB-SP), Newton Cardoso (PMDB-MG) e Fernando Collor de Mello (PRTB-AL). Nestes números estão excluídos os governadores que tentaram reeleição e os que se desemcompatibilizaram para concorrer a outros cargos. Para cada caso, há explicações diferentes.

Paulo Maluf disputou o governo de São Paulo e teve mais de 4 milhões de votos, cerca de 21% do eleitorado. Resultado insuficiente para levá-lo ao segundo turno da eleição, disputado por Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo petista José Genoíno. Apesar de ter o voto de boa parte do eleitorado paulista, chama atenção a seqüência de derrotas de Maluf nas últimas eleições. Em 1998 perdeu para Mário Covas (PSDB), no segundo turno, graças ao apoio do PT ao tucano. Dois anos depois, Maluf disputou a Prefeitura de São Paulo e perdeu novamente no segundo turno, desta vez para a petista Marta Suplicy. Além dos 73 inquéritos e processos em curso contra Paulo Maluf, pesa contra ele o apoio dado a eleição de Celso Pitta para a Prefeitura de São Paulo em 1996. Naquela campanha, Maluf dizia: “se o Pitta não for um bom prefeito, nunca mais votem em mim”. Celso Pitta deixou a prefeitura com alto índice de reprovação junto aos paulistas, e Maluf não foi mais eleito.

Ainda em São Paulo, outro ex-governador tentou em vão voltar à vida pública: Orestes Quércia disputou uma vaga ao Senado. Ocupou quase todo o espaço destinado ao PMDB no horário eleitoral gratuito, tentou pegar carona na “onda Lula” e teve cerca de cinco milhões de votos. Ficou em terceiro lugar, longe dos eleitos Romeu Tuma (PFL) e Aloísio Mercadante (PT) - primeiro colocado com mais de 10 milhões de votos. Quércia foi governador de São Paulo entre 1986 e 1990, sucedendo Paulo Maluf. Conseguiu eleger o sucessor, Luis Antônio Fleury Filho. Mas quando disputou a Presidência da República em 1994, ficou em quarto lugar, atrás de Enéas Carneiro (PRONA).

No Rio de Janeiro, Leonel Brizola ficou em sexto lugar na disputa para o Senado. O pedetista, que foi eleito governador do Rio de Janeiro por duas vezes (1982 e 1990), ficou dois milhões de votos atrás de Marcelo Crivella (PL), o segundo colocado na eleição. Crivella, além de bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, é sobrinho de Edir Macedo, fundador da seita. Aos 80 anos de idade, Brizola deve deixar de disputar cargos eletivos. Além de comandar o Rio de Janeiro, o líder trabalhista foi governador do Rio Grande do Sul no início da década de 60, lutou contra a ditadura militar, foi exilado, anistiado e disputou a Presidência da República duas vezes. Perguntado sobre o futuro, Brizola, irônico, disse que talvez crie uma igreja. Seu partido, o PDT, deve integrar a base de sustentação do governo do presidente Lula.

Em Alagoas, os eleitores adiaram a volta de Fernando Collor de Mello ao cenário político nacional. O ex-presidente, afastado por um processo de impeachment, concorreu ao governo do estado e perdeu ainda no primeiro turno para o atual governador Ronaldo Lessa (PSB). A campanha de Collor teve o auxílio das Organizações Arnon de Mello, grupo de mídia de sua família, que conta com o jornal Gazeta de Alagoas e a rádio Gazeta FM. Teve 40,2% dos votos e culpou o uso da máquina administrativa a favor da reeleição de Lessa. O filho do ex-presidente, Arnon de Mello, foi candidato a deputado federal. Não se elegeu.

Entre os ex-governadores que tiveram sucesso nas urnas estão Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Jáder Barbalho (PMDB-PA), que renunciaram ao cargo de senador no ano passado para evitar processos de cassação. Os dois voltam ao Congresso com recordes de votação em seus estados. ACM foi o candidato ao senado mais votado da Bahia, com quase 3 milhões de votos cerca de 30% do total. Barbalho desistiu de tentar voltar ao Senado e concorreu a uma vaga na Câmara de Deputados. Resultado: foi o candidato mais votado, com 344 mil votos, cerca de 13% dos votos do Pará.


Upiara Boschi

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