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“A palavra repórter designava,
em sua origem inglesa, o investigador. A reportagem, em
sua origem era, por natureza, investigativa”, explica
Edson Vidigal, vice-presidente do Superior Tribunal de
Justiça, durante o Seminário Internacional
sobre Jornalismo Investigativo, que aconteceu em São
Paulo, nos dias 6 e 7 de dezembro. No evento, 160 jornalistas
de todo o Brasil discutiram formas de aprimorar o trabalho
jornalístico, como utilizar a internet na busca
de informações e também a criação
de uma associação brasileira de jornalistas
investigativos. A idéia é seguir os moldes
da americana Investigative Reporters and Editors (IRE),
que tem cerca de quatro mil associados.
Para o jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de
São Paulo a formação da entidade
“foi a grande notícia do ano na área
jornalística”. A criação de
uma IRE brasileira vem sendo discutida deste o início
do segundo semestre de 2002, mas só ganhou força
depois de um seminário sobre reportagem investigativa
realizado no Rio em agosto passado, pouco depois do assassinato
de Tim Lopes, repórter da rede Globo.
“O
país já tem uma forte tradição
em jornalismo investigativo”, diz Rosental Calmon
Alves, professor da Universidade do Texas. Ele compara
a situação atual brasileira com norte-americana,
na época em que a IRE teve uma projeção
nacional. Em 1976, jornalistas americanos se mobilizaram
para protestar contra o assassinato do repórter
Don Bolles, em Phoenix, no Arizona.
O seminário contou com a presença de Brant
Houston, diretor da IRE e Pedro Enrique Armendares, da
Periodistas de Investigación – uma
rede de jornalistas de vários países da
América Latina. O evento foi financiado pelo Centro
Knight de Jornalismo nas Américas, criado na Universidade
do Texas em Austin, graças a uma doação
da Fundação John S. and James L. Knight,
braço filantrópico de uma das principais
redes de jornais dos EUA, a Knight Ridder. “Nosso
principal objetivo é ajudar jornalistas da América
Latina a promover programas de aperfeiçoamento
profissional, que visem a fortalecer a imprensa livre
e independente na região”, diz Rosental Calmon
Alves, diretor do centro.
Um
dos organizadores do evento, Marcelo Beraba, diretor da
sucursal do diário Folha de São Paulo
no Rio de Janeiro fala sobre o seminário e a criação
da associação. Ele diz que objetivo da instituição
é promover congressos, seminários, oficinas
especializadas, editar livros e cuidar do aperfeiçoamento
profissional dos jornalistas interessados no tema investigação.
Espera também que a associação seja
sem fins lucrativos, mantida pelos próprios jornalistas.
Zero - O trabalho da IRE começou
em 1975. O que levou a criação de uma associação
e quais foram os benefícios que ela trouxe?
Marcelo Beraba - A entidade tem sido fundamental
na formação, reciclagem e treinamento dos
jornalistas dos EUA e no intercâmbio entre eles.
Ela é talvez a principal responsável pela
expansão do jornalismo investigativo nos EUA e
em outros países do mundo.
Z - Um dos workshop do seminário
foi sobre técnicas de reportagem assistida por
computador (CAR). É possível fazer uma reportagem
na frente de um computador? Ela substitui as formas tradicionais
de apuração? Não se perde detalhes
que só poderiam ser averiguados com a presença
do repórter?
Beraba - Possível, é. Você
pode perfeitamente fazer excelentes matérias a
partir de bons bancos de dados se souber trabalhar com
um gerenciador de bancos (como Access) além de
um programa de planilha - tipo Excel. Você pode
encontrar muitos exemplos. O problema é que você
acaba tendo matérias frias, sem cor e sem emoção
e, às vezes, a falta destes elementos acaba diminuindo
o impacto dos números. O ideal é que o resultado
do trabalho no computador sirva de base para uma reportagem
com personagens, clima, tendências, observações,
detalhes, entrevistas.
Z - Estudiosos do tema como Philip
Meyer falam de um Jornalismo de Precisão, com o
uso intensivo de informaçoes obtidas em banco de
dados. Mas como garantir a confiabilidades de fontes acessadas
através de bancos de dados da Internet ?
Beraba - Com os mesmos recursos que usamos hoje
para checar a origem e a confiabilidade de bancos de dados,
relatórios e índices em papel. É
necessário conhecer a entidade que divulga, a seriedade,
seu histórico como fonte de informação,
sua credibilidade. Para isso, é necessário
ter contato direto com a entidade e obter informações
com especialistas da área. O que não se
pode é considerar como informação
confiável qualquer informação que
corre na Internet.
Z - Quais foram as técnicas
de jornalismo investigativo apresentadas neste Seminário
Internacional? Existe uma diferença entre a investigação
praticada nos EUA e em países latinos como o Brasil
?
Beraba - O seminário teve três painéis
distintos. Um deles tratou de um problema sério
da sociedade, a lavagem de dinheiro. Os outros dois foram
sobre ferramentas disponíveis hoje para o jornalismo,
investigativo ou não: o uso da própria Internet
como fonte onde se pode buscar informações,
e o uso de programas que facilitam o trabalho jornalístico,
se bem utilizados, como gerenciador de banco de dados
e planilhas de cálculo.
Os fundamentos da reportagem investigativa são
os mesmos de qualquer reportagem: entrevistas, planejamento,
observação, pesquisa, documentação,
checagem. A diferença é que as reportagens
investigativas geralmente exigem mais tempo de apuração
porque exigem mais aprofundamento e, porque quase sempre,
têm de vencer obstáculos sérios como
a dificuldade de se obter provas documentadas. Uma definição,
que considero imperfeita, de jornalismo investigativo
é esta: aquela produção feita pelo
próprio repórter (ou seja, não é
a divulgação de relatórios ou denúncias
cruas feitas pela polícia, pelo MP ou pela Justiça),
de relevância para a sociedade, e que alguém
tem interesse em esconder os dados.
Os Estados Unidos, por terem uma cultura democrática
mais antiga e sem interrupções, e por ter
uma economia muito mais forte, têm muito mais experiência
do que qualquer outro país na área do jornalismo
investigativo. Nós tivemos uma interrupção
de mais de 20 anos de ditadura militar e só a partir
de 85 pudemos retomar a sua prática com regularidade.
Z - O encontro teve quantos participantes
? Qual o balanço que o senhor faz do evento ?
Beraba - Segundo a Knight Foundation, os seminários
juntaram cerca de 160 jornalistas. Na discussão
sobre a nova associação de jornalistas investigativos
tínhamos cerca de 60 pessoas. Achei o evento excelente
porque foi muito prático e útil.
Z - Durante o seminário sobre
Jornalismo de Investigação foi discutida
a criação de uma associação
no moldes da IRE para o Brasil. Como vai funcionar essa
associação ? Quais outros exemplos de associações
similares no mundo ?
Beraba - Vários países da Europa,
as Filipinas e o México já têm associações
similares ao IRE. A nossa associação apenas
agora começa a se organizar e ainda estamos discutindo
nome e funcionamento. |
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