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Festa
de casamento, abril ou maio de 1978. Muitos ali se diziam
de esquerda, alguns eram. Houve quem se queixasse com
a súbita notoriedade de um certo Lula, metalúrgico
e presidente do sindicato de São Paulo e Diadema.
Pouco antes IstoÉ, que então
eu dirigia, havia enquadrado na capa o rosto redondo
e perigosamente bigodudo de Lula. Um mês depois
o Pasquim não deixara por menos. Será
que o homem merecia tanto cartaz?
A capa de IstoÉ é de 1o de fevereiro
daquele ano. Trazia o perfil da personagem e uma entrevista.
Assinavam o texto Bernardo Lerer e este que escreve.
Enxergávamos em Lula uma figura de grande porte,
destinada a crescer. QI muito alto, vocação
política pronunciadíssima, destino de
líder, idéias simples e límpidas,
sentimento idem. Um protagonista. Para a ribalta.
Formou-se uma roda de convidados para discutir Lula,
unidos, arrisco, por vago intuito de cobrança.
De patrulhamento preventivo. Não citarei nomes,
para não criar constrangimentos. Vários
são graúdos e um punhado virou petista.
Perguntavam se IstoÉ e Pasquim não estariam
a apostar errado, se o operário seria confiável,
se ideologicamente sabia das coisas. Alguém aventou
a hipótese de que fosse agente da CIA e outros
anuíram, com a gravidade devida.
Na origem, o preconceito dos abastados. A festa acontecia
em sítio senhorial, arredores de São Paulo.
Os ideais ali proclamados eram reformistas, quando não
revolucionários. Os hábitos burgueses.
Não consegui ser convincente na defesa de Lula
e dos meus pontos de vista. Com o tempo, tempo escasso,
felizmente, convincente foi o próprio Lula. Dois
anos depois estaria à testa de um partido, o
primeiro no País que faz jus ao nome. Os demais,
não escondem o parentesco com clubes e associações
recreativas.
Naquela época eu tinha enormes esperanças,
embora padecêssemos a ditadura. Acreditava que
ainda veria raiar o sol da liberdade. Quando os militares
– ou gendarmes da elite? – saíram
de cena, o que esperava não se deu. Alvorecer
não houve, quase dezoito anos a fio. Temi jamais
chegar ao dia de hoje. Temi mesmo que não fosse
previsto pelo calendário.
E então, o horizonte se ilumina, o Brasil tem
uma chance excepcional de sair da Idade Média,
graças àquele Lula em quem a gente apostou
há vinte e quatro anos e meio. Não ousava
imaginar este momento mesmo dois meses atrás,
quem sabe menos ainda. Agora, é bom vivê-lo,
no reencontro com a esperança que parecia perdida.
É ótimo, para o jornalista e para o cidadão. |
Mino Carta - Jornalista
e diretor de redação da revista CartaCapital |
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