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No
dia seguinte à votação do segundo
turno, a imprensa de todo o mundo destacou a vitória
de Luiz Inácio Lula da Silva. Com fotos estampadas
na primeira página, ou apenas notas, os principais
jornais do mundo deram diferentes enfoques à
histórica eleição de Lula. Enquanto
os tablóides americanos anunciaram o fato como
pitoresco, destacando no primeiro parágrafo que
Lula não tinha formação universitária,
os principais diários europeus enfatizaram a
festa dos brasileiros e a esmagadora votação
do petista. Os jornais da América Latina fizeram
coberturas emocionadas, festejando mais a vitória
de Lula do que a própria imprensa brasileira.
O New York Times adjetivou a vitória
de Lula como “esmagadora”: “O Brasil
fez uma curva decisiva à esquerda no domingo,
elegendo como novo presidente Luís Inácio
Lula da Silva do Partido dos Trabalhadores, um ex-operário,
líder sindical e prisioneiro político,
que nunca atuou antes no Executivo. A margem de vitória
do Sr. Silva foi a maior da história brasileira”.
O Washington Post publicou na primeira linha
que Lula nunca frequentou faculdade, e que sua eleição
reflete o desencantamento que varre a América
Latina. O jornal adverte que a eleição
do “socialista barbudo” pode atrasar a formação
da ALCA.
Na Venezuela, com cujo atual presidente Lula foi comparado
, os jornais deram amplo destaque à vitória
do petista: “Lula da Silva arrasó en Brasil”,
escancarou o El nacional. Na Argentina, o Clarín
e o La Nación enfatizaram a origem pobre
de Lula e sua trajetória até a presidência.
No Uruguai, o jornal El país apontou
que a transição para o governo de Lula
será difícil, e destacou que os líderes
das esquerdas latino-americanas receberam a notícia
com euforia e prevêem mudanças políticas
e econômicas para toda a região.
Na Europa, o italiano La Reppublica fez uma
cobertura emocional: “Lula, o vermelho, vence.
O líder socialista foi eleito presidente com
61,4% dos votos. E enquanto as festividades explodem
em todo o país, adverte: ‘Deve-se comer
três vezes ao dia, e aqui há gente passando
fome’ ”.
O jornal francês Le Monde utilizou-se
de um jogo de palavras para comparar o povo brasileiro
aos pátios industriais onde o ideal de Lula se
firmou. “Num país que, desde a proclamação
da República, em 15 de novembro de 1889, sempre
foi governado pelas elites, a chegada de um trabalhador
ao Planalto em Brasília fez nascer uma imensa
esperança de redução das desigualdades
sociais, criação de emprego e uma melhoria
rápida dos sistemas de educação
e de saúde”.
O inglês The Guardian citou a “gafe”
que Tony Blair, o primeiro-ministro britânico,
teria cometido, em visita ao Brasil no ano passado,
ao se recusar a conhecer Lula, então líder
da oposição. O jornal também especula
que “os brasileiros impacientes por mudanças
poderão se desapontar”, e que “Lula
provavelmente unirá forças com o partido
do presidente Cardoso”. A manchete do espanhol
El Mundo anunciou que: “Lula é
o início de uma nova era para o Brasil”,
ressaltando que o petista é o primeiro trabalhador
a chegar ao poder na América Latina. |
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