Número 2 - Ano I - Edição fechada em 21 de Novembro de 2002 Florianópolis-SC
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Manchete que brasileiros não deramNo dia seguinte à votação do segundo turno, a imprensa de todo o mundo destacou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. Com fotos estampadas na primeira página, ou apenas notas, os principais jornais do mundo deram diferentes enfoques à histórica eleição de Lula. Enquanto os tablóides americanos anunciaram o fato como pitoresco, destacando no primeiro parágrafo que Lula não tinha formação universitária, os principais diários europeus enfatizaram a festa dos brasileiros e a esmagadora votação do petista. Os jornais da América Latina fizeram coberturas emocionadas, festejando mais a vitória de Lula do que a própria imprensa brasileira.

O New York Times adjetivou a vitória de Lula como “esmagadora”: “O Brasil fez uma curva decisiva à esquerda no domingo, elegendo como novo presidente Luís Inácio Lula da Silva do Partido dos Trabalhadores, um ex-operário, líder sindical e prisioneiro político, que nunca atuou antes no Executivo. A margem de vitória do Sr. Silva foi a maior da história brasileira”. O Washington Post publicou na primeira linha que Lula nunca frequentou faculdade, e que sua eleição reflete o desencantamento que varre a América Latina. O jornal adverte que a eleição do “socialista barbudo” pode atrasar a formação da ALCA.

Na Venezuela, com cujo atual presidente Lula foi comparado , os jornais deram amplo destaque à vitória do petista: “Lula da Silva arrasó en Brasil”, escancarou o El nacional. Na Argentina, o Clarín e o La Nación enfatizaram a origem pobre de Lula e sua trajetória até a presidência. No Uruguai, o jornal El país apontou que a transição para o governo de Lula será difícil, e destacou que os líderes das esquerdas latino-americanas receberam a notícia com euforia e prevêem mudanças políticas e econômicas para toda a região.

Na Europa, o italiano La Reppublica fez uma cobertura emocional: “Lula, o vermelho, vence. O líder socialista foi eleito presidente com 61,4% dos votos. E enquanto as festividades explodem em todo o país, adverte: ‘Deve-se comer três vezes ao dia, e aqui há gente passando fome’ ”.

O jornal francês Le Monde utilizou-se de um jogo de palavras para comparar o povo brasileiro aos pátios industriais onde o ideal de Lula se firmou. “Num país que, desde a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, sempre foi governado pelas elites, a chegada de um trabalhador ao Planalto em Brasília fez nascer uma imensa esperança de redução das desigualdades sociais, criação de emprego e uma melhoria rápida dos sistemas de educação e de saúde”.

O inglês The Guardian citou a “gafe” que Tony Blair, o primeiro-ministro britânico, teria cometido, em visita ao Brasil no ano passado, ao se recusar a conhecer Lula, então líder da oposição. O jornal também especula que “os brasileiros impacientes por mudanças poderão se desapontar”, e que “Lula provavelmente unirá forças com o partido do presidente Cardoso”. A manchete do espanhol El Mundo anunciou que: “Lula é o início de uma nova era para o Brasil”, ressaltando que o petista é o primeiro trabalhador a chegar ao poder na América Latina.

Mariana Faraco


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