Número 3 - Ano I - Edição fechada em 13 de Dezembro de 2002 Florianópolis-SC
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Biasotto: empréstimo do Bndes a juros baixos / Foto: Wagner Maia - ZeroA falta de recursos da prefeitura para a construção dos terminais de integração da ilha foi a justificativa para uma operação inédita no transporte urbano de Florianópolis, que deverá aumentar o controle das empresas de ônibus sobre o sistema de transporte público. É que as mesmas empresas que atuam na capital (Canasvieiras, Transol, Emflotur, Estrela, Ribeironense e Limoense) vão também controlar os terminais, explorando-os financeiramente por um perídodo de 20 anos.

Em 1999, quando a prefeitura lançou o primeiro edital de licitação para a construção dos terminais, não houve interessados. Os termos foram então reformulados, já que seria oneroso para a iniciativa privada e os custos seriam repassados para os usuários. Inicialmente o projeto previa que os terminais tivessem praças de alimentação e de integração – no caso do terminal de Canasvieiras, até um ginásio de esportes. No segundo edital, a única empresa a se candidatar foi a Cotisa (Companhia Operadora de Terminais e Operações), criada pelas próprias empresas de ônibus e pela construtora Sul-Catarinense, que obteve a concessão.

“Foi uma boa coincidência”, diz Francisco de Assis Filho, secretário municipal de transportes e obras. “A empresa investidora poderia ser uma malharia, uma padaria, mas nesse caso, é a parte interessada”. O secretário acredita que as empresas perceberam que, se não houvesse ninguém que construísse os terminais, o sistema de transporte integrado poderia não sair do papel.

O principal incentivo que a Cotisa recebeu para entrar no negócio foi a garantia de financiamento a juros baixos pelo Bndes. De acordo com Marcelo Biasotto, diretor executivo da Cotisa, o financiamento para a construção dos terminais foi de R$ 8,5 milhões; a empresa entrou com R$ 6,5 milhões de recursos próprios. Este investimento será recuperado através do aluguel de lojas e lanchonetes, que vão funcionar dentro dos terminais, da venda de espaços publicitários e, principalmente, de uma tarifa de utilização que será cobrada de todos os ônibus que passarem pelo terminal – valor que será repassado para o usuário no preço da passagem. O pagamento das tarifas de utilização é garantido pelos artigos 8° a 10 da Lei Complementar n°33, de 1999, a mesma que permite a entrada da iniciativa privada no Sistema Integrado de Transporte Coletivo (SITC).

Biazotto explica que o critério de concessão foi justamente o menor custo apresentado para a tarifa de utilização – quantia que equivale hoje a R$ 5,60. Essa será a tarifa que cada ônibus leve terá de pagar ao terminal para fazer uma viagem do ponto de origem até o destino, sem contar o trajeto de retorno, para o qual será paga uma nova tarifa. Ele não acredita que o repasse da tarifa de utilização vá causar “um grande impacto nas passagens”. “A otimização do sistema reduz os custos, mesmo com esse novo item agregado nas planilhas de cálculo da tarifa”, diz.

Os terminais vão ter banheiros públicos, postos de informações, de segurança, de administração e fiscalização – além de bancos, bebedouros e telefones públicos. E na segunda etapa do projeto, estão previstas vagas de estacionamento para carros e bicicletas – que deverão ser controladas pela prefeitura, já que os terrenos são públicos.

Mariana Faraco

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