Número 2 - Ano I - Edição fechada em 21 de Novembro de 2002 Florianópolis-SC
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Roriz: Xerife e juiz no DF / Foto: Marcia Gouthier - Folha Imagem/Carta CapitalEm 1992, o Plano de Ordenamento Territorial do Distrito Federal determinou que só poderiam ser regularizados condomínios implantados até novembro daquele ano. Isso provocou uma corrida de grileiros aos órgãos do DF para cadastrar condomínios fantasmas, inexistentes. Esses cadastros seriam usados posteriormente no processo de regularização. Da mesma forma, foram fraudadas em cartórios escrituras que comprovavam a existência dos condomínios em 1992.

A Câmara Legislativa do Distrito Federal realizou, em 1995, a CPI da Grilagem para investigar a posse indevida de terrenos públicos. O relatório da Comissão denunciou os envolvidos com a grilagem e também apontou caminhos para se ordenar a ocupação de terras no DF. A deputada federal Maria José Conceição (PT), relatora da CPI na época, diz que uma das soluções encontradas para impedir que as irregularidades prosseguissem foi o agrupamento de condomínios em bairros. “Tornou mais fácil regularizar os lotes já ocupados e fiscalizar os espaços ainda não ocupados”.

Mas a regularização e a fiscalização não vem acontecendo no governo Roriz, que alega não ter condições para reprimir as invasões de terra. Uma investigação do Tribunal de Justiça e do Ministério Público revela que as terras do estado são utilizadas pelo governador como moeda de troca para favores políticos. No final de 1994, Joaquim Roriz autorizou um acordo que fez a Terracap, empresa que disciplina a divisão de terrenos no DF, perder 72 alqueires para o condomínio RK. O contrato tramitou em velocidade recorde, em apenas seis dias úteis, o governo deu início, estudou, aprovou e assinou a divisão. Roriz responde a uma ação de improbidade administrativa na Justiça Federal por causa do acordo. O caso também fez com que ele fosse investigado pelo Ministério Público Federal.

Segundo o Ministério Público, o Condomínio RK é de propriedade de “laranjas” que agem em nome dos irmãos Passos, família amiga de Roriz - Pedro Passos foi premiado com duas medalhas oficiais de mérito. Em 1995, Roriz foi fiador de um empréstimo de US$ 1 milhão para uma empresa da família Passos e também desapropriou áreas em benefício de pessoas consideradas pelo MP, testas de ferro dos Passos. O mote da campanha de Pedro Passos a deputado distrital (PSD) era ser “amigo do governador”.

Mas o caçula dos Passos começou a disputar eleitores em áreas da cidade antes ocupadas por parlamentares do PMDB e passou a ser atacado pelos antigos aliados. Em represália, o irmão Márcio Passos entregou ao Correio Braziliense um conjunto de fitas de vídeo, em que mostra Odilon Aires, o ex-secretário de Assuntos Fundiários reclamando que recebeu menos lotes que o presidente da Câmara, Gim Argello, para aprovar projetos de regularização de condomínios. Márcio Passos diz ter mais de cem fitas com conversas gravadas nos últimos cinco anos com integrantes do alto escalão do governo. Em entrevista ao Correio Braziliense, Márcio diz que “quer acabar com a hipocrisia. Papagaio come milho e periquito leva a fama. O Odilon, por exemplo, fica na Câmara Legislativa me fazendo ataques, estou com fama de bandido, mas o negócio não é bem assim”, provoca. Quando perguntado se tinha gravado o governador, Márcio garantiu:
- Gravei todo mundo.

Depois de a entrevista ser publicada, foi criada outra CPI, a das fitas, ainda em andamento. Questionado por seis horas do envolvimento do governador com a grilagem, Pedro Passos garantiu que “Roriz nunca fez nada para beneficiar a mim ou meus irmãos”. Também acusou os deputados de oposição de estarem criando um fato político na véspera das eleições.

Na segunda sessão da CPI das Fitas foi depor o advogado Orivaldo Ferrari, que acusou um ex-assessor de Geraldo Magela, candidato petista derrotado ao governo do DF, de regularizar condomínios irregularmente. Após mentir para a comissão, o deputado Paulo Tadeu (PT) pediu a prisão preventiva de Ferrarri mas o presidente da mesa, Wilson Lima (PSD), partido que apoia Roriz, encerrou a sessão. “A oposição só queria tumultuar”, justificou Lima. “Essa medida só demonstra que a CPI foi uma farsa criada pelos governistas para o segundo turno das eleições”, acusou Tadeu.

Wendel Martins

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