O jornalista Paulo Cabral, 80 anos,
se afastou da presidência do Condomínio
criado por Assis Chateaubriand, deixando para trás
22 anos de comando dos Diários Associados e
mais alguns na presidência do Correio Braziliense.
O motivo foi uma carta de advertência à
sua gestão, quando os condôminos demonstraram
insatisfação com os problemas financeiros
do condomínio, principalmente do Correio
Brasiliense. Ao receber a advertência Cabral
teria se sentido desmoralizado. Em solidariedade ao
amigo, o diretor de redação do jornal,
Ricardo Noblat também pediu demissão.
Ainda está indefinido o futuro tanto da presidência
do Condomínio quanto do Correio Braziliense.
A briga política entre os condôminos
dos Diários Associados sempre foi intensa,
mas começou a se acirrar no final do ano passado.
Ari Cunha, um dos fundadores do CB, vinha
enviando cartas aos condôminos criticando a
atuação de Cabral e Noblat, tanto em
termos administrativos quanto editoriais. Cunha também
apareceu na propaganda eleitoral de Joaquim Roriz
fazendo acusações ao diretor de redação
do Correio Braziliense de favorecimentos
durante o governo Cristovam Buarque (PT), quando Noblat
e sua mulher Rebeca teriam sido premiados com superfaturamentos
de serviços de comunicação.
Em virtude da acusação, o jornal obteve
na Justiça cinco direitos de resposta, alguns
deles escritos por Paulo Cabral, que também
prometeu publicamente destituir Ari Cunha da vice-presidência
do grupo. Mas numa reunião dos condôminos
- na terça-feira 22, dia anterior a censura
do Correio - 13 dos 19 membros votaram uma
moção de censura a Cabral. O governador
Roriz soube da notícia enquanto almoçava
em uma churrascaria com evangélicos. Interrompeu
seu discurso e comemorou o afastamento de ambos. “Deus
tarda, mas não falta”, agradeceu.
Após a notícia do afastamento de Cabral
e Noblat, anunciantes, leitores e a própria
redação do jornal esperam o fim do
Projeto Correio, uma reforma editorial que mudou
a imagem “chapa branca” do diário.
O jornal também passou a ser conhecido como
um dos jornais graficamente mais bonitos do país,
tendo conquistado muitos prêmios nacionais e
internacionais.
Em carta publicada no Correio, Noblat escreve
aos companheiros de redação e também
aos leitores. O texto, intitulado “Até
qualquer dia”, fala da importância da
imprensa em uma sociedade democrática e reforça
a idéia de que o jornalismo deve ser independente
e ético. “A democracia depende de cidadãos
bem informados... e em uma democracia, o poder é
dos cidadãos”, escreveu Noblat, em sua
despedida.
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