Número 2 - Ano I - Edição fechada em 21 de Novembro de 2002 Florianópolis-SC
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O jornalista Paulo Cabral, 80 anos, se afastou da presidência do Condomínio criado por Assis Chateaubriand, deixando para trás 22 anos de comando dos Diários Associados e mais alguns na presidência do Correio Braziliense. O motivo foi uma carta de advertência à sua gestão, quando os condôminos demonstraram insatisfação com os problemas financeiros do condomínio, principalmente do Correio Brasiliense. Ao receber a advertência Cabral teria se sentido desmoralizado. Em solidariedade ao amigo, o diretor de redação do jornal, Ricardo Noblat também pediu demissão. Ainda está indefinido o futuro tanto da presidência do Condomínio quanto do Correio Braziliense.

A briga política entre os condôminos dos Diários Associados sempre foi intensa, mas começou a se acirrar no final do ano passado. Ari Cunha, um dos fundadores do CB, vinha enviando cartas aos condôminos criticando a atuação de Cabral e Noblat, tanto em termos administrativos quanto editoriais. Cunha também apareceu na propaganda eleitoral de Joaquim Roriz fazendo acusações ao diretor de redação do Correio Braziliense de favorecimentos durante o governo Cristovam Buarque (PT), quando Noblat e sua mulher Rebeca teriam sido premiados com superfaturamentos de serviços de comunicação.

Em virtude da acusação, o jornal obteve na Justiça cinco direitos de resposta, alguns deles escritos por Paulo Cabral, que também prometeu publicamente destituir Ari Cunha da vice-presidência do grupo. Mas numa reunião dos condôminos - na terça-feira 22, dia anterior a censura do Correio - 13 dos 19 membros votaram uma moção de censura a Cabral. O governador Roriz soube da notícia enquanto almoçava em uma churrascaria com evangélicos. Interrompeu seu discurso e comemorou o afastamento de ambos. “Deus tarda, mas não falta”, agradeceu.

Após a notícia do afastamento de Cabral e Noblat, anunciantes, leitores e a própria redação do jornal esperam o fim do Projeto Correio, uma reforma editorial que mudou a imagem “chapa branca” do diário. O jornal também passou a ser conhecido como um dos jornais graficamente mais bonitos do país, tendo conquistado muitos prêmios nacionais e internacionais.

Em carta publicada no Correio, Noblat escreve aos companheiros de redação e também aos leitores. O texto, intitulado “Até qualquer dia”, fala da importância da imprensa em uma sociedade democrática e reforça a idéia de que o jornalismo deve ser independente e ético. “A democracia depende de cidadãos bem informados... e em uma democracia, o poder é dos cidadãos”, escreveu Noblat, em sua despedida.


Wendel Martins

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