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JORNALISMO
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A
guerrilha não descansa na Colômbia. Mais de um
mês após o povo ter ido às urnas para eleger
um presidente de extrema direita, que prometeu acabar com a
liberdade dos grupos organizados patrocinados pelo narcotráfico,
principalmente o maior deles, as FARC, ainda é diária
a execução de policiais, políticos, jornalistas
e civis pelo país inteiro. De um mês para cá,
um fato novo tem deixado a população mais inquieta:
dezenas de prefeitos, vereadores e outros empregados municipais
começaram a renunciar a seus cargos, sob a alegação
de que estavam sendo ameaçados de seqüestro e morte
por guerrilheiros das FARC.
O governo colombiano declarou que não vai aceitar as
demissões, já que estão sendo decididas
sob pressão. As FARC ameaçam executar os 1.097
prefeitos do país caso eles não renunciem. O motivo
é que estão desgostosos com o atual presidente,
Andrés Pastrana – que passa a faixa a Alvaro Uribe
dia 7 de agosto – por ter cessado as negociações
com a guerrilha em fevereiro deste ano. Querem retomar o diálogo
com o governo, o que não parece mais estar na pauta do
presidente, que de aberto a negociações, passou
a não querer mais falar do assunto. Isso desde que descobriu
que os 42 mil quilômetros quadrados de terra que destinou
às FARC como parte do processo de paz estavam sendo usados
para treinar combatentes, preparar novos ataques, esconder reféns,
traficar armas, e, é claro, drogas.
Essa ameaça das FARC não se dirige somente aos
mais de mil prefeitos colombianos, mas também aos governadores
dos 32 estados e todas as autoridades civis que funcionem como
inspetores de Polícia em localidades e aldeias. Mais
de 120 prefeitos já renunciaram por causa das intimidações,
e outros 6.400 funcionários do governo estão em
estado de alerta. Cerca de 200 prefeitos estão operando
fora de seu território com medo de serem mortos pelas
FARC. Atemorizados, os líderes municipais pedem que o
governo retome o diálogo com os grupos rebeldes e pense
numa reorientação da política econômica
e social do país.
Ao invés disso, o presidente anunciou, no final de junho,
uma recompensa de dois milhões de dólares pela
captura dos chefes das FARC. Às véspera de deixar
o cargo de chefe de estado colombiano, Pastrana destinou US$
100 milhões para a compra de armas, equipamentos, treinamento
de escoltas, coletes anti-bala, rádio e seguros de vida
para os prefeitos e funcionários municipais ameaçados.
A ação foi realizada assim que a presidência
foi informada das ameaças. Estão previstos escritórios
temporários nas capitais ou, em casos mais graves, em
quartéis militares e policiais, para aqueles prefeitos
que insistirem em não obedecer às ordens da guerrilha. |
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