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JORNALISMO
- UFSC
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Recentemente,
o futuro presidente Álvaro Uribe propôs à
guerrilha que abandonasse as armas e ingressasse na vida política,
a fim de retomar o acordo de paz. Mas o ex-presidente Belessario
Betancur já tentou essa via em 1984 e foi um fracasso.
Na ocasião, estabeleceu-se o prazo de um ano para o cessar-fogo.
Em novembro de 1985 a aliança das FARC-EP lança
seu braço político, a União Patriótica
(UP) e participa das eleições de 1986, elegendo
350 conselheiros municipais, 23 deputados e seis senadores.
A consequência foi o assassinato de mais de 4 mil dirigentes
e militantes da UP. Desde então, a guerrilha anunciou
que, mesmo com acordos de paz, vai conservar suas armas. “Não
incidiremos nunca mais nesse erro”, apostou Manuel Marulanda,
líder e funbdador das FARC. A proposta de Uribe representou
uma mera encenação. “Com a negativa da guerrilha”,
assegura Maierovitch, “Uribe partirá para o ataque
e os paramilitares continuarão incubidos dos massacres
aos civis”. Sarmiento Santos, lembra que “lá
não se tem essa tolerância com a esquerda, como
no Brasil. O Partido Comunista foi dizimado. Se a direita acha
que está perdendo força, dizima o partido opositor
fisicamente”, explicando porque a guerrilha age clandestinamente.
Os diálogos entre governo e a guerrilha foram interrompidos
este ano com o fim da concessão de uma área desmilitarizada
de 42 mil quilômetros quadrados de onde o exército
havia se retirado em novembro de 1998 por ordem do presidente
Pastrana. A área abrangia cinco municípios - San
Vicente del Caguán, La Macareña, Vista Hermosa,
Mesetas e Uribe - e estava sob o comando das FARC.
As leis que vigoravam na região eram as da guerrilha:
quem mata é condenado à morte; quem bate em alguém
deve pagar uma multa de US$ 25 a US$ 50; ladrões prestam
serviços à comunidade durante dois ou três
meses e menores, são proibidos de beber álcool
ou vagar pelas ruas depois da meia-noite. Houve uma drástica
redução de homicídios, como testemunha
Maurice Lemoine: de seis assassinatos registrados por semana,
a região presenciou apenas seis assassinatos durante
todo o primeiro ano de intervenção das FARC.
Sarmiento Santos conta, que com o fim do acordo, a população
teme a violência do exército e dos paramilitares
na região. “No campo, onde a guerrilha está,
o povo está com ela” assegura. Ele explica que
na cidade a guerrilha possui uma força importante, pois
nasceu nas universidades, e é lá que desempenha
sua influência política, com o apoio de sindicatos
e estudantes, onde fazem propaganda.“A base do funcionamento
da guerrilha é social, tanto na cidade como no campo”,
diz.
Ele conta que a guerrilha orienta os camponeses a plantar uma
pequena parte de alimentos para a subsistência e os protege
dos grupos paramilitares. “Eles respeitam a forma de economia
da região porque sabem que iriam morrer de fome com outro
tipo de plantação”. A relação
da guerrilha com o narcotráfico é no sentido de
cobrar impostos sobre a coca comprada dos agricultores. Ele
fala de outro imposto, cobrado nas cidades, onde quem um nível
financeiro maior deve pagar uma porcentagem aos guerrilheiros
ou sofre atentados. “Até multinacionais pagam uma
porcentagem para a guerrilha, para não sofrer nenhum
tipo de ameaça”, sustenta o colombiano. Para não
pagar impostos ou se sujeitar às leis guerrilheiras,
as oligarquias e narcotraficantes organizaram os grupos de auto
defesas, com o apoio do exército, que treina e instrui
a formação do grupo. Em troca, as oligarquias
financiariam os paramilitares com armas.
As denúncias de Ongs sobre os excessos da guerrilha multiplicam-se.
Eles são acusados de sequestros, extorsão, detenção
de civis e assassinatos seletivos, entre outras denúncias.
Em 2001 atribuiu-se à FARC, ELN e AUC, 3.500 assassinatos
e 80% dos 3.000 sequestros/ano à FARC e ELN. Em muitos
casos os guerrilheiros assumem a autoria do crime. |
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